Carnaval 2006
Essa onda fundamentalista chegou à Sapucaí em 2006. O prefeito da época, o César Maia, baixou um decreto que pretendia moralizar o Carnaval. Nada de peitos de fora, biquinis sumários e gente se embebedando.
A primeira grande mudança foi a proibição das vendas dos camarotes para empresas de cerveja. As igrejas pentecostais dominaram a grande maioria deles. Mas os católicos marcaram presença comprando o maior. Dava pra ver os bispos e seus chapelões sentados ali assistindo a tudo.
Na avenida, as passistas acenavam comportadas para o público vestidas com sais logo abaixo do joelho e camisa abotoadas até o pescoço. Na bateria, os ritmistas batiam compassadamente em suas bíblias acompanhando o coral no cântico-enredo daquele ano.
Nos bailes, nem refrigerante entrava e, ao invés do tradicional lança-perfume, um padre aspergia água benta nos fiéis. Enquanto isso, o padre Marcelo e sua banda arrebentavam no palco com marchinhas religiosas.
Na clássica Fiesta Carnaval, fotos dos tornozelos peludos das garotas. A molecada se acabava no banheiro, porque ninguém é de ferro, afinal.
Foi um tempo muito esquisito aquele. Ainda bem que isso acabou e agora a gente pode olhar livremente os joelhos da mulherada.