Segunda-feira, Janeiro 17

À beira da estrada

Armando entrou no bar que ficava à beira da estrada. O sol da tarde castigava o asfalto sem piedade e ele, cansado das horas ao volante, procurava algo para se refrescar. O boteco era igual aos muitos aos que já vira em suas andanças como repórter de uma revista automobilística. Um vira-lata deitado na porta, 3 ou 4 clientes bebendo e jogando dominó.

Foi até balcão e viu que o proprietário era diferente do típico dono desse tipo de estabelecimento. Era um senhor alto e gordo, com os poucos cabelos que restavam já brancos. Armando achou que ele tinha uma cara familiar. Pediu uma água com gás. O senhor prontamente o serviu. Tinha um forte sotaque. Parecia ser inglês. “Sou americano”- esclareceu.

Ficaram em silêncio. O jornalista bebericava sua água intrigado. O que faria um senhor americano num lugar daqueles e não aproveitando a aposentadoria em Miami? Perguntou ao homem.

- Uma longa história, meu amigo. Mas só posso lhe dizer que cansei da vida que eu tinha. Larguei tudo e vim viver aqui, no anonimato.
- Entendo... Largou família, amigos...?
- Tudo. Vim só com uma malinha e um violão.
- O senhor é músico?
- Já fui. Hoje não mais.
- Famoso?
- Mais ou menos.
- Ah ta... Bom preciso ir andando. Tenha uma boa tarde sêo, sêo...
- Elvis, me chamo Elvis.