Quarta-feira, Dezembro 15

Férias

A animação na casa de Francisco era total. Depois de muitos anos de clausura na cidade grande, finalmente a família iria passar o melhor do verão na praia. Desfrutariam do contato com o mar de Mongaguá, litoral paulista, desde as vésperas do Ano Novo até quase o final de janeiro.

Meire, sua esposa, já fazia a lista das compras que seriam levadas na viagem. Muito mais barato do que comprar por lá, afirmava convicta. As crianças já imaginavam os castelos de areia que fariam e, eufóricas, queriam aprontar as malas um mês antes da partida.

Feliz da vida, Francisco olhava aquela agitação na família com um brilho nos olhos que há muito tempo não tinha. Era uma questão de honra proporcionar bons momentos a todos. Lembrava-se da volta por cima depois dos tempos de pindaíba após o fechamento da metalúrgica onde havia trabalhado por quase treze anos. Um momento realmente especial.

Aconselhado pelo compadre que emprestou o apartamento na praia, Francisco decidiu levar o carro para o mecânico dar uma olhada. Só prevenção. Não queria correr nenhum risco. Avisou a esposa, deu um beijo na sua caçula e saiu.

Voltou no final da tarde, sol querendo ir embora. Pegou o elevador sem vontade. Saiu e parou em frente à sua porta segurando um papel meio amarrotado em uma das mãos. Era o orçamento do mecânico. Angustiado, pensava numa maneira de contar que todo o dinheiro que haviam guardado teria que ser usado para arrumar o carro.