Quarta-feira, Dezembro 8

Burburinho

O vazio daquele canto havia sido preenchido. Sempre morto, triste, inóspito, de repente ganhou vida. Um verdadeiro enxame causava um tremendo burburinho. Os passantes ouviam o zum-zum-zum com um certo temor. Do que seriam capazes aqueles seres ávidos pelo brilho intenso?

Era preciso fazer algo. Reclamaram com o condomínio. “É preciso acabar com aquilo. Dá medo até de passar perto”, disse um. “Desculpe, nada posso fazer”. De fato, não havia muito que fazer. A loja de bijuterias havia pago para colocar ali seu balcão por um tempo. E, como abelhas atraídas por belas e suculentas flores cheias de pólen, as mulheres se amontoavam ao redor disputando um pedaço de ilusão colorida.