Terça-feira, Abril 5

Decisões

Giovanni estava assustado com toda aquela movimentação. De repente, a rotina do trabalho foi quebrada. Não servia mais apenas a seus superiores diretos. Agora precisava servir também os que vinham de fora. E como eram exigentes. Sempre pediam comidas e petiscos difíceis de se conseguir. E copos sempre cheios era uma obrigação. Naqueles dias trabalhava 14, 16 horas a cada jornada.

Na hora de dormir, tinha problemas. Aquele monte de ordens sendo dadas sem trégua confundiam sua jovem cabeça. Sem falar no emaranhado de diferentes línguas com que tinha que conviver. O pior, no entanto, era passar o tempo todo envolto pela grossa fumaça que adensava o ar de maneira sufocante, emitida pelos robustos cubanos que pousavam na mão de muitos dos participantes.

A intenção de Giovanni era, depois daqueles dias absolutamente desgastantes, largar tudo e se mandar. Detestava a forma como era tratado por todos. Um desdém que pouca vezes vira. Mesmos seus chefes, sempre amáveis, pareciam carrancudos, algo azedos.

Não ia embora, na verdade, porque tinha uma missão a cumprir: continuar o trabalho do pai, já falecido, que por muitos anos trabalhou no mesmo posto que ele ocupava agora. E, como o pai, era extremamente obediente às ordens superiores.

Em dado momento, porém, irritado pela fumaça de um charuto que pendia sobre um cinzeiro e jogava fumaça direto em suas narinas, disse a um colega que acabara de servir um generosa dose de conhaque a um senhor: “Será que vão demorar muito ainda para decidir qual deles será o próximo papa?”