Quarta-feira, Outubro 27

Trinta segundos (a nova micronovela das 8 - 2o. capítulo)

Dois dias sem notícias. Tudo bem que Andréia costumava dar umas sumidas. Mas pelo menos ela telefonava. Ou até mesmo atendia o celular. Dessa vez não. E não foi por falta de tentar que Renato não a encontrou. Começou a pensar em dar um novo rumo à vida. Mas antes, precisava de uma cerveja para se recuperar.

Lá pelas tantas, depois da vigésima tentativa de aliviar da bexiga os excessos da boca, Renato deu um encontrão. Um grande susto. Tivesse bebido um pouco menos e poderia ter ficado sóbrio instantaneamente. Aprumou os olhos e congelou. Um belo sorriso se abriu em um rosto ainda mais bonito. Olhos azuis como duas águas marinhas. Cabelos louros levemente ondulados, descendo provocantemente pelos ombros um tanto expostos. Seria uma visão?

Não era. No táxi, voltando para casa, Renato namorava aquele guardanapo de papel que registrava, quem sabe, o novo rumo que ele procura: “Virgínia 2236....”. Ficou imaginando como seria namorar Virgínia. Como seriam suas conversas. Planejou viagens e jantares para apresentá-la aos amigos. Literalmente ele flutuava. E assim, suspenso no ar, Renato entrou em seu apartamento, tirando suas roupas e indo deitar em sua cama para dormir e sonhar com o seu futuro grande amor. Olhos fechados, sorriso nos lábios, o Sono praticamente o tinha nos braços.

Ban! Ban! Ban! Os vizinhos lascivos começaram mais uma sessão libidinosa. A cama batia furiosamente contra a parede fina que faz divisa entre os dois apartamentos. Renato cobriu o rosto e voltou os pensamentos à sua nova amada.